Autismo e Bulling – O que os Pais e as Escolas podem fazer

Autismo e Bulling – O que os Pais e as Escolas podem fazer

Autismo e Bulling – O que os Pais e as Escolas podem fazer

Bullying é uma palavra de origem inglesa utilizada para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia e sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. O bullying é um problema mundial, sendo que a agressão física ou moral repetitiva deixa marcas para o resto da vida na pessoa atingida.

O agressor inferioriza e se impõe sobre o outro, na tentativa de superá-lo em termos físicos e psicológicos, e de satisfazer seu ego. Quase sempre, não tem o apoio de uma boa educação, com conselhos e amparos apropriados, e é isso o que mais o encoraja a fazer o que faz. Já a vítima é alguém com medo das possíveis consequências de sua reação, e é por isso que não reage, se reprimindo a si mesma.

Apesar da repercussão recente, o ato de humilhar o outro não é um fenômeno atual; o bullying sempre existiu, porque é uma expressão da natureza humana. A era digital, no entanto, deu margem ao conhecimento imediato das situações de bullying. Fotos e vídeos são compartilhados na internet, banalizando a ação covarde. Na realidade, esse ato – que todos repudiam mas segue acontecendo – reflete o que de pior existe no ser humano: o menosprezo ao próximo, a compulsão doentia por ferir o outro.

Pesquisas apontam que a personalidade do bullie é autoritária e com forte necessidade de controlar ou dominar. Além do mais, apresentam deficiência em habilidades sociais, ponto de vista preconceituoso. Ao contrário do que muitos pensam, não existem evidências científicas de que sofram de baixa autoestima. Isso faz com que suponhamos que o bullie é uma pessoa de má índole, mal-educada ou com uma personalidade distorcida, precisando de ajuda terapêutica.

No entanto, suas vítimas, sim, costumam desenvolver baixa autoestima por causa das perseguições físicas e/ou psicológicas.

Autista – presa fácil para o bullie

Segundo a Sociedade Autista Nacional do Reino Unido (The National Autistic Society UK), mais de 40% das crianças e jovens autistas sofrem bullying, principalmente nas escolas. Isso tem um impacto devastador para o autista e sua família. As consequências para as crianças autistas são, entre outros, baixa autoestima, baixa produtividade escolar e extrema ansiedade. Alguns acabam por sair da escola definitivamente.

Duas entre cinco crianças com autismo sofrem bullying na escola. Com crianças Asperger ou com AAF (Autismo de Alto Funcionamento), estudos apontam três em cada cinco. Na verdade, 90% dos pais de crianças Asperger afirmam que seus filhos já foram vítimas de bullying em algum momento. Meninos são mais atacados do que meninas, com uma margem de, respectivamente, 42% para os meninos e 36% para as meninas.

Vulnerabilidade

As crianças com autismo são mais vulneráveis ao bullying pela própria natureza de sua condição. A dificuldade na socialização, no estabelecimento de contato visual e linguagem não-verbal em geral, ou no pouco entendimento do sentido figurado, faz com que se tornem alvo fácil para os bullies. Além do mais, existem casos de bullying onde os autistas nem percebem que estão sendo vítimas. Por exemplo, quando o bullie aparenta ser seu amigo ou exageradamente simpático (sendo, na verdade, irônico e sarcástico), o autista pode acreditar que a amabilidade seja sincera, sendo vítima sem se dar conta das reais intenções. O autista acaba sendo prejudicado, ademais, por aprender erroneamente como as relações de amizade funcionam. O bullie pode usá-lo como cúmplice em suas más ações, inclusive, já que o autista supõe que seu “amigo” esteja precisando de sua ajuda, seguindo-o na sua perversidade por ingenuidade.

O que os pais podem fazer?

Pais precisam estar bem atentos, para poderem ajudar seus filhos autistas:

  • Converse com seu filho/a.
  • Faça perguntas diretas, principalmente se desconfia de ele/a possa estar sendo vítima.
  • Consulte a direção da escola sobre eventuais programas Anti-Bullying. Toda escola deve ter um protocolo de ação. Caso não haja, reúna-se com outros pais e, juntos, exijam que a escola tome as devidas providências.
  • Ensine seu filho como reagir ao Bullying, assim como evita-lo.
  • Leia e eventualmente baixe aplicativos contra o Bullying.

O bullying é um problema muito sério e deve ser exterminado pela sociedade, a fim de proteger a saúde mental das vítimas.

Apesar da repercussão, o ato de humilhar o outro não é um fenômeno atual; o bullying sempre existiu, porque é uma expressão da natureza humana. A era digital, no entanto, deu margem ao conhecimento imediato das situações de bullying. Fotos e vídeos são compartilhados na internet e de repente o bullying ficou sendo banal. Na realidade, esse ato de covardia reflete o que de pior existe no ser humano: o menosprezo ao próximo, a compulsão doentia por ferir o outro.

Pesquisas apontam que a personalidade do bullie é autoritária e com forte necessidade de controlar ou dominar. Além do mais, apresentam deficiência em habilidades sociais, ponto de vista preconceituoso. Ao contrário do que muitos pensam, não existem evidências científicas de que sofram de baixa autoestima. Isso faz com que suponhamos que o bully é simplesmente uma pessoa má, ou com uma personalidade distorcida, precisando de ajuda terapêutica.

IMPACTO DO BULLYING NAS FAMÍLIAS

O Bullying tem grande impacto também na família. Irmãos dos autistas podem também serem vítimas de bullying devido às limitações do irmão ou irmã autista.

Pais de autistas muitas vezes precisam tirar a criança da escola devido ao impacto físico e mental do bullying. Alguns pais, inclusive, têm que parar de trabalhar por causa disso.

MEDIDAS ANTI-BULLYING

Se o bullying é tão recorrente, não é nenhum exagero que todo estabelecimento escolar tenha, de prontidão, medidas para eliminá-lo. Estas devem ser adotadas por todos os estabelecimentos escolares, sem exceção.

No caso específico do autismo, professores e demais trabalhadores da escola (monitores, assistentes etc.) deveriam estar cientes do que é o autismo. Um assistente pedagógico deveria ser capaz de ensinar assertividade e outras estratégias aos alunos autistas, ajudando-os a identificarem o bullying através de simulação de situações (role-playing) e atenção extra. Todas as escolas também deveriam ter ao menos uma sala especial, supervisionada por um coordenador, onde os alunos autistas pudessem permanecer durante os momentos em que não conseguem lidar com uma situação. Poderiam, inclusive, fazer o lanche escolar neste local.

As medidas anti-bullying devem ser explícitas e efetivas, deixando claro que o Bullying não será tolerado de forma alguma. Isso quer dizer que todos os pais deverão saber de sua existência ao matricularem seus filhos, e que todo e qualquer ato de bullying será devidamente dirigido – analisado e tratado. Deve constar na medida, o papel dos pais, dos professores e de todos que trabalham na escola. Também se faz necessário definir-se o quê a escola considera como Bullying e as medidas que serão tomadas para evitá-lo, passo a passo.

Nesse processo, as crianças com autismo deveriam ser consultadas e estarem envolvidas na definição (ou revisão) das medidas anti-bullying. Os autistas formam uma excelente fonte de informação neste tipo de violência escolar.

PREVENIR O BULLYING:

Basicamente, o estabelecimento escolar poderia adotar as sugestões abaixo, a exemplo de modelos bem-sucedidos, já aplicados em escolas do Reino Unido – e alguns outros países europeus. Alguns deles são:

–     Orientação Pedagógica (“Mentoring”)

–       Círculo de Amigos

–       Acompanhamento de um colega (“Buddy”)

–       Conscientização do Autismo para as crianças neurotípicas

Orientação Pedagógica:

Toda sala de aula deveria ter um mentor. Este orientador (professor) deveria conhecer cada aluno e funcionar como catalizador de seus problemas na escola. Deve conhecer o autismo e ter tido um conhecimento prévio (através dos pais) de como o autismo se manifesta nos alunos, em cada caso.

O orientador vai ajudar a criança a relatar seu eventual problema e ajuda-la a encontrar soluções. Este adulto será o intermediário entre o aluno (pais) e a direção da escola.

Entre algumas de suas tarefas, faz parte ensinar ao aluno como contornar a situação de bullying da melhor maneira possível.

Círculo de Amigos:

Bastante utilizado na Europa, o Círculo de Amigos envolve, primeiramente, a cooperação dos alunos neurotípicos. Estes irão formar um pequeno grupo que irá auxiliar os professores no monitoramento do comportamento do aluno autista, no caso deste não ter amizades na escola, sofrer bullying, ficar isolado, etc.

Por exemplo: Um autista obcecado por um determinado livro.  O professor precisa pedir o tempo todo que feche o tal livro. O círculo de amigos se reveza na supervisão. Os colegas o lembram de fechar o livro, levantam o polegar para ele (mensagem não verbal) quando tudo vai bem (reforço positivo), tomam conta dele na hora do recreio, conversam com ele e o encaminham até o professor – ou orientador – quando há um problema.

Acompanhamento de um colega (“Buddy”):

Um buddy também é bastante adotado nas escolas europeias, a fim de ajudar a criança com necessidades especiais. O colega que simpatiza com o autista pode ser uma espécie de “guia”, intervindo quando necessário. Parecido como o círculo de amigos, que se revezam, o buddy é aquele que concorda em monitorar e ajudar o comportamento da criança que necessita de mais auxílio. Seja para se defender de bullies, executar tarefas ou ser estimulado ao desempenho normal, o acompanhante estará ali para guia-lo durante o ano letivo.

OBS: Os professores e orientadores saberão identificar as crianças/jovens com um nível de empatia bem alto, dispostas a funcionarem como tais acompanhantes.

Por Fatima de Kwant 

Fonte: Autimates

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